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Histórias do Pantanal compõem livro “No pulso das águas” que será lançado nesta quinta na FLIP
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Com 20 histórias vividas no Pantanal mato-grossense, o livro “No pulso das águas” conta a trajetória dos 20 anos do polo socioambiental Sesc Pantanal, que tem como capítulos principais a atuação pela conservação da biodiversidade, educação ambiental, turismo sustentável e ações sociais. Escrito por Carla Águas, a obra de 317 páginas ilustrada por 185 fotos será lançada nesta quinta-feira (11/07), na programação do Sesc durante a 17ª Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), em Paraty (RJ).
Entre as histórias contadas no livro está a do seu João da Silva, que há 20 anos deixou de amansar cavalos e conduzir gado bravo para cuidar das delicadas borboletas do Hotel Sesc Porto Cercado. Acostumado a lidar com animais de uma tonelada, ele viu a vida se transformar a partir de animais de três gramas. Conhecido como “João do Borboletário” ele tem o amor pelas borboletas tatuado no corpo. “Eu me transformei com as borboletas”, diz ele, que estará no lançamento do livro.
Ele chorou a primeira vez que viu o processo de metamorfose de uma borboleta chegar ao fim, que começa com o ovo, passa para a lagarta até chegar a crisálida, última etapa antes delas baterem as asas. “Eu fiquei tão impressionado que cheguei a chorar na hora. Aquilo tocou muito em mim. Mudei também em casa, com a esposa e filhos. Soube ter mais amor e respeito com eles. Acho que a borboleta trouxe isso para mim por causa da sensibilidade, do carinho que precisava ter com elas. Esse carinho que elas mostraram que eu precisava ter foi a mudança que eu tive para ser mais leve, mais tranquilo”, disse ele à escritora.
Além das histórias, o livro também relata a formação do Pantanal, reconhecido como Patrimônio Nacional pela Constituição Federal e considerado Reserva da Biosfera e Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco. A diversidade de fauna e flora é apresentada nas páginas que destacam, ainda, a importância da porção norte, em Mato Grosso, considerada vital para as demais áreas do sistema devido ao fato de abrigar os afluentes da maior planície inundável do mundo.
O sobe e desce das águas ganham destaque por exibir as belezas do Pantanal para turistas de todo o mundo, que contemplam a cheia de janeiro a março, as vazantes de abril a maio, a seca de junho a setembro e a enchente entre outubro e dezembro. A cultura é relatada a partir da Dança dos Mascarados, o Cururu e Siriri, as festas de santos e a Cavalhada, que traz a luta ancestral entre mouros e cristãos, sendo o principal evento do município de Poconé.
O Parque Sesc Serra Azul, localizado em Rosário Oeste, na transição entre o Cerrado e a Amazônia, é citado no livro por estar interligado ao projeto de conservação do Pantanal, ao ajudar a proteger o rio Cuiabazinho, um dos rios que formam o Cuiabá, que inunda o Pantanal.
Vivências pantaneiras
A escritora destaca como diferencial da iniciativa a possibilidade de exercer uma escuta dos vários personagens que estiveram presentes nas duas décadas da entidade. “Pela minha experiência, quando nos propomos a exercer a escuta diante da diversidade das vidas, nos surpreendemos por encontrar uma enorme riqueza e essa riqueza é o ponto forte do livro, que reúne vidas e trajetórias interessantes”.
Carla diz que estar no Pantanal já é bem marcante, pela magia e energia que ele guarda. Juntas a elas, vieram muitas surpresas, a partir dos aspectos singulares que os personagens trouxeram, afirma. “Aprender com o outro não tem preço. Isso é bastante marcante no processo de execução do projeto. Minha expectativa agora é fazer jus à grandeza das pessoas e à generosidade que tiveram de compartilhar suas experiências comigo”, declara.
De acordo com a superintendente do Sesc Pantanal, Christiane Caetano, ao aliar bem-estar, cultura e ação social com uma perspectiva socioambiental realmente transformadora, a instituição demonstra respeito por todas as formas de vidas. “Assim, vamos ligando os pontos, incorporando a comunidade no fazer do Sesc e para além dele. A construção do futuro passa pela crescente aproximação e escuta das populações locais, por isso, o objetivo deste livro é mostrar a visão da comunidade, pois são as pessoas as protagonistas da trajetória do Sesc Pantanal”, declara.
Para José Roberto Tadros, presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e presidente do Conselho Nacional do Sesc, garantir a perenidade de um patrimônio natural de valor incalculável é também uma demonstração viva de que é possível alcançar a sustentabilidade, desde que ela seja um valor e um compromisso. “Nada melhor que essa história seja contada por aqueles que ajudaram a construir esse caminho, como propõe este livro comemorativo. Uma bela homenagem visando àquilo que está no centro do interesse do Sistema Comércio: educação, qualidade de vida, desenvolvimento sustentável e respeito à natureza”, completa.
Ações pelo Pantanal
O polo socioambiental teve início a partir da inciativa do Departamento Nacional do Sesc em fazer de antigas fazendas de gado a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal. Com 108 mil hectares, ela é a maior do país e referência de atuação em conservação da biodiversidade para o mundo.
“Todo o trabalho do Sesc Pantanal tem como pilares a educação ambiental, a conservação da biodiversidade, o turismo sustentável e a ação social. As unidades trabalham integradas e convergentes formando um ciclo perfeito de ações sustentáveis”, explica a superintendente Christiane Caetano.
Além do Parque Sesc Serra Azul, da RPPN Sesc Pantanal e do Hotel Sesc Porto Cercado, unidade que valoriza o contato com a natureza, tem espaços de educação ambiental, áreas de gestão ambiental e uma usina fotovoltaica, o Sesc Pantanal também é composto pelo Parque Sesc Baía das Pedras, um parque de educação ambiental e turismo sustentável, localizado ao lado do Hotel e pelo Sesc Poconé, que oferece atividades de saúde, lazer, cultura, educação e assistência. O livro foi organizado por Maria Teresa Carrión Carracedo, da Editora Entrelinhas.